[Nota de Repúdio] Sindifort e Intersindical são contra a possível extinção do Ministério do Trabalho pelo governo Bolsonaro
Mesmo sem ter assumido a presidência, Jair Bolsonaro (PSL) já deixa claro que seu governo não deve facilitar para a vida dos trabalhadores, muito menos dos servidores públicos. Isso fica ainda mais evidente após o presidente eleito anunciar que pretende extinguir o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE): um verdadeiro desrespeito à história de luta da classe trabalhadora brasileira.
O Ministério do Trabalho é uma pasta essencial para resguardar os direitos dos trabalhadores, ainda mais agora, após tantos retrocessos como a Reforma Trabalhista, a ampliação da terceirização e a iminente aprovação da Reforma da Previdência. Antes da criação do Ministério, datada em 1930, as questões trabalhistas eram totalmente ignoradas pelo governo. Só então houve o suporte necessário para a conciliação entre empregados, empregadores e movimento sindical e a criação das leis que seriam lançadas nos anos seguintes.
O anúncio da extinção do Ministério vem acompanhado por diversas incertezas que afrontam os trabalhadores. Não foi decidido, por exemplo, qual órgão ou qual outro ministério irá absorver as demandas da pasta. Também não houve nenhuma garantia de que atribuições como a gestão da política salarial e a fiscalização do trabalho – que busca coibir e punir abusos patronais, inclusive o trabalho escravo – terão efetividade ou mesmo continuidade. Trata-se de um prato cheio para a exploração do cidadão e a precarização do trabalho no país.
Anteriormente, Bolsonaro já afirmou que deve criar uma “Carteira de Trabalho Verde e Amarela”, que invalida direitos garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e deixa o trabalhador completamente desamparado. Atrelado ao fim do Ministério, Bolsonaro quer aprofundar o aumento do subemprego e da terceirização, além de facilitar o uso do dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para fins alheios, mexendo em direitos como o FGTS e o PIS-PASEP.
O fim da pasta atinge, ainda, a representação sindical e busca fragilizar este que é um importante ponto de apoio de defesa do trabalhador e de garantia de direitos individuais e coletivos. Afinal, é prerrogativa do Ministério do Trabalho garantir o exercício da atividade sindical, além de coibir práticas anti-sindicais em empresas privadas e no serviço público.
Para a vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Noemia Porto, a extinção ou fusão do MTE não representa nenhuma economia e serve para desqualificar causas trabalhistas.
Sempre na linha de frente em defesa dos trabalhadores, o Sindifort e a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora repudiam a forma como o presidente eleito vem tratando com descaso a pauta trabalhista e reafirma que estamos atentos a todos os ataques já declarados pelo próximo governo! Acreditamos que somente com um Ministério do Trabalho fortalecido e autônomo será possível cumprir com os fundamentos básicos da Constituição de 1988: dar assistência e amparo ao trabalhador e oferecer condições suficientes para uma vida saudável e digna.
Não aceitamos nenhum direito a menos!