[NOTA] Sindifort e Intersindical repudiam
ataques de Bolsonaro a cubanos do Mais Médicos
O presidente eleito Jair Bolsonaro segue causando transtornos e atacando direitos dos trabalhadores, dos servidores e da população carente, antes mesmo de assumir. No último dia 14 de novembro, ele atacou o programa federal Mais Médicos, que desde 2013 vem suprindo a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades brasileiras. Além de já ter declarado em vídeo sua intensão de expulsar os médicos cubanos do Brasil, Bolsonaro impôs uma série de condições aos médicos cubanos que atuam no programa, forçando o Ministério da Saúde de Cuba (MSC) a se retirar do Mais Médicos.
Conforme o Ministério, o posicionamento de Bolsonaro afronta o acordo firmado entre a Organização Pan-Americana da Saúde e os governos brasileiro e cubano, uma vez que questiona a formação e a preparação dos médicos, impõe a revalidação do diploma para a permanência deles e coloca a contratação individual como única via de atuar no programa.
Após a posição do governo cubano, Bolsonaro continuou os ataques. Com a repercussão extremamente negativa da saída dos médicos cubanos e pressionado por prefeitos de todo o Brasil, ele jogou a batata quente para Temer, que prometeu substituir os 8.332 médicos cubanos que trabalhavam nas regiões mais remotas e pobres do Brasil por médicos brasileiros.
É importante destacar que médicos formados em instituições de educação superior brasileiras sempre tiveram prioridade na seleção e ocupação das vagas do programa. Entretanto, em cinco anos de Mais Médicos, nenhum edital de contratação de médicos brasileiros conseguiu ocupar todas as vagas abertas. Sem os médicos cubanos, especialistas acreditam que o Brasil não tem como repor essa força de trabalho, podendo deixar dezenas de milhões de brasileiros sem atendimento médico.
Só no Ceará, a saída de Cuba do Mais Médicos afeta 448 profissionais que atuam em 118 municípios. Preocupados com as localidades onde os médicos cubanos desempenham importante papel para a saúde básica, até mesmo o governador Camilo Santana e o prefeito Roberto Cláudio fizeram um apelo para que o presidente eleito reveja seus pontos de negociação e dialogue com estados e municípios antes de tomar qualquer decisão.
Em respeito aos mais de 28 milhões de cidadãos que serão afetados, o Sindifort e a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora repudiam a forma irresponsável como o presidente eleito vem tratando pautas tão importantes como a saúde, demonstrando total desconhecimento da realidade de vida do povo brasileiro e da importância de programas como o Mais Médicos para garantir o mínimo de dignidade a tantos homens, mulheres e crianças de baixa renda. Afinal, como bem lembra a Constituição de 1988, saúde é direito de todos e dever do Estado.
Não aceitamos nenhum direito a menos! Juntos somos resistência!